As disparidades no acesso ao saneamento básico entre diferentes regiões do Brasil

O Brasil é um país de contrastes, e essa dicotomia é evidente quando se trata de saneamento básico. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), mais de 33 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável e quase 100 milhões ainda não usufruem dos serviços de coleta e tratamento de esgoto. Essas estatísticas variam significativamente entre regiões, alarmando as desigualdades sociais e econômicas já existentes.

A Região Norte enfrenta desafios únicos devido à sua vastidão geográfica e à presença de áreas remotas e de difícil acesso. Muitas comunidades na Amazônia, por exemplo, carecem de infraestrutura básica de saneamento, dependendo de fontes de água não tratada e de sistemas de esgoto precários. A região abriga cerca de 18 milhões de pessoas, de acordo com o IBGE (2019). Nos indicadores de saneamento básico, a população sem acesso a água é de 42,6% sendo a pior média entre as regiões nacionais.

O Nordeste ainda apresenta altos índices de carência de saneamento básico. As áreas rurais e periféricas das grandes cidades são as mais afetadas, com problemas como falta de água potável e ausência de sistemas de esgoto, contribuindo para a propagação de doenças. Quando falamos de esgoto, cerca de 28% da população nordestina tem o esgoto coletado e apenas 36,2% desse volume é tratado, ou seja, 13,6 milhões de pessoas estão sem acesso ao serviço público no Nordeste. Em 2019, segundo estudo do IBGE, apenas 69% da população dessa Região contava com abastecimento de água diário

Enquanto algumas cidades no Centro-Oeste desfrutam de infraestrutura moderna de saneamento, outras enfrentam dificuldades, especialmente em áreas mais remotas e menos desenvolvidas. A escassez de recursos hídricos e o crescimento populacional rápido representam desafios adicionais para a região.

Apesar de ser a região mais urbanizada do país, o Sudeste ainda possui bolsões de pobreza e falta de saneamento em suas periferias. Favelas e comunidades carentes em grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo muitas vezes enfrentam condições precárias de higiene e saúde devido à falta de infraestrutura adequada. A região fornece 91,3% de água potável para a população e atende 80,5% dos habitantes com coleta de esgoto.

O Sul possui melhores indicadores de saneamento em comparação com outras regiões do Brasil. No entanto, mesmo aqui, existem disparidades entre áreas urbanas e rurais, com algumas comunidades mais afastadas ainda lutando para ter acesso a serviços básicos de saneamento. a população com acesso à água potável corresponde a 95,3%, enquanto 74,4% dos habitantes são atendidos com coleta de esgoto. Em relação ao tratamento de esgoto, Paraná trata 74,6% dos esgotos gerados.

Para a Biosaneamento, as disparidades no acesso ao saneamento básico são resultado de uma série de fatores interconectados, incluindo desigualdades socioeconômicas, falta de investimento em infraestrutura, má gestão dos recursos hídricos e desigualdade de acesso aos serviços públicos. A falta de acesso à água potável e saneamento adequado contribui para a propagação de doenças transmitidas pela água, como diarréia, cólera e hepatite.

Os números apresentados ainda não refletem de fato o impacto da falta de saneamento básico no Brasil. As pesquisas precisam estar em locais de difícil acesso, em áreas remotas, para refletir a realidade. Além disso, a ausência de saneamento básico adequado aumenta a vulnerabilidade das comunidades a desastres naturais, como inundações e deslizamentos de terra.

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