COP30: o papel do saneamento na agenda climática global

Em 2025, Belém (PA) será o centro das discussões climáticas globais ao sediar a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. É a primeira vez que a Amazônia receberá esse evento de escala mundial, trazendo visibilidade para os desafios e potencialidades da região. Entre os muitos temas em pauta, o saneamento básico ocupa um lugar estratégico, tanto para o enfrentamento da crise climática quanto para a promoção da justiça social.

 

Saneamento e mudanças climáticas: uma conexão direta

Quando falamos de saneamento, nos referimos ao acesso a água potável, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e drenagem urbana. Esses serviços, além de garantirem saúde e dignidade, estão profundamente conectados com a resiliência climática.

A falta de saneamento adequado contribui para:

  • Contaminação de corpos d’água e solos, aumentando a emissão de gases como metano e óxidos de nitrogênio, que agravam o efeito estufa;

  • Proliferação de doenças que se intensificam com eventos climáticos extremos (enchentes, secas);

  • Vulnerabilidade de comunidades frente a enchentes e desastres ambientais, especialmente em áreas urbanas de periferia.

Investir em saneamento é, portanto, uma forma de mitigação (redução de emissões) e adaptação (resistência a impactos climáticos).

 

Justiça social e adaptação urbana

A justiça climática é um dos pilares da COP30 e o saneamento está no centro dessa discussão. No Brasil, mais de 30 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada e cerca de 90 milhões vivem sem coleta de esgoto, de acordo com um estudo do Instituto Trata Brasil. Essas populações, em sua maioria, estão em territórios vulneráveis, como periferias urbanas, comunidades ribeirinhas e quilombolas. Sem saneamento, essas comunidades enfrentam riscos sanitários elevados, prejuízos econômicos decorrentes de doenças e da ausência de infraestrutura, além da exclusão de políticas públicas e do acesso precário a direitos básicos.

Levar soluções descentralizadas, de baixo custo e sustentáveis para essas áreas, como biodigestores, bacias de evapotranspiração e sistemas de tratamento natural, é essencial para garantir inclusão social e resiliência climática. A realização da COP30 em Belém destaca ainda mais a importância da Amazônia na agenda global. A região concentra uma imensa riqueza de recursos hídricos, abrigando 20% da água doce superficial do mundo, mas também enfrenta vulnerabilidades acentuadas pela falta de saneamento básico. Além disso, é lar de comunidades tradicionais que podem liderar soluções sustentáveis a partir de seus conhecimentos locais.

Saneamento é clima. Saneamento é justiça. Saneamento é futuro.

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